Condenado por contratar o assassinato de sua mulher, em um julgamento em
que fez a autodefesa apesar de ser especializado em falências, o advogado
Robert Gold-Smith disse ao juiz que iria entrar com recurso. O juiz Daniel
Rozak pediu desculpas ao réu por sua franqueza e sugeriu: “Sua melhor chance é
pedir a anulação do julgamento. E, nesse caso, você terá uma tese ganhadora se
alegar imperícia da defesa”.
Ainda com toda franqueza, o juiz disse ao advogado que ele pode ser o
melhor advogado de Illinois em casos de falência, mas como criminalista é um
fracasso. “Você não foi apenas ineficaz como advogado de defesa em uma ação
criminal, você foi inepto”, disse o juiz, segundo o The Herald Newse outras publicações.
O juiz tentou explicar ao advogado algo como “cada macaco em seu galho”.
“Imagine que eu lhe diga que preciso de uma cirurgia do coração. Você vai me
recomendar um ginecologista que conhece. E vai argumentar que não faz
diferença, porque todos são médicos”. Segundo o juiz, o caso da Promotoria
era muito fraco. Havia buracos, que poderiam resultar em absolvição, com uma
defesa apropriada. Mas o réu-advogado se encarregou de preenchê-los.
Por exemplo, a prova principal era uma gravação, em que, segundo a Promotoria,
o réu tenta contratar um criminoso para assassinar sua mulher. Mas a gravação
era ruim, era difícil identificar as vozes e a transcrição, em alguns trechos,
não correspondia ao que o juiz conseguia ouvir.
O juiz já estava pronto para rejeitar a gravação como prova, por duvidar
que as vozes eram realmente do advogado e do criminoso, quando ele resolveu
explicá-la — e confirmou sua existência. “Se você tivesse ficado sentado
em sua cadeira, sem abrir a boca, a probabilidade de eu não te condenar seria
muito boa”, disse o juiz.
Violência doméstica
As complicações do agora ex-advogado começaram em 2010, quando seu divórcio foi
concluído, desfavoravelmente, e ele saiu do tribunal ao lado da ex-mulher.
Muito irritado, ele a segurou pelo braço e deu um soco em seu rosto.
Em maio de 2011, ele foi preso em uma cadeia local, por violar uma ordem
de restrição. Na cadeia, ele teria conversado com outros presos, tentando
convencer alguém a assassinar sua ex-mulher por dinheiro. Sabendo do caso,
os promotores armaram um plano com um “criminoso profissional”, que se
encarregaria de discutir com o advogado o contrato de assassinato — e gravar a
conversa.
O colega de cadeia teria usado um gravador escondido, mas, por imperícia
dos participantes da trama, a gravação saiu sussurrada e interrompida por
barulhos. Ao tentar se defender, o advogado deu vida a ela — o que
inviabilizou até mesmo qualquer discussão sobre a validade da prova.
O juiz sugeriu ainda ao advogado que aceitasse a assistência de um
defensor público, especializado em casos criminais. Em um primeiro momento, ele
aceitou. Mas, em audiência nesta semana, o advogado disse que mudou de ideia.
“Resolvi continuar com minha própria defesa, porque ninguém entende mais
do caso do que eu. Até que um defensor público entenda o caso, vai demorar pelo
menos uns dois meses”, ele disse. Ao que o juiz retrucou: “O que são dois
meses, se a pena mínima para contratação de assassinato é de 20 anos. E pode
ser até de 40?”
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