A 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) condenou a
Unimed Fortaleza a pagar multa no valor de R$ 132 mil por descumprimento de
decisão judicial que estabelecia o valor da mensalidade de plano de saúde pago
por professora aposentada. A decisão, proferida nessa segunda-feira (16/05),
teve a relatoria da desembargadora Lisete de Sousa Gadelha.
Para a magistrada, “a recorrente [Unimed] por vezes foi renitente em
efetivar ordem concedida em sede de antecipação de tutela, o que justifica a
aplicação de multa cominatória”.
Segundo ao autos, a professora faz parte de um plano empresa celebrado
entre a Associação dos Professores de Estabelecimentos Oficiais do Ceará
(Apeoc) e a Unimed, com mensalidade de R$ 293,01. Ela disse que, ao completar
60 anos, a parcela mensal foi aumentada para R$ 434,44.
Alegando que o aumento é abusivo, a professora requereu na Justiça a
nulidade do aumento e o pagamento de indenização moral. Em pedido de tutela
antecipada, solicitou a não suspensão de serviços médicos, a proibição de
incluir o nome no cadastro de proteção ao crédito e a autorização para o
pagamento de R$ 357,07, como parcela mensal.
Na decisão liminar, o Juízo da 18ª Vara Cível de Fortaleza atendeu aos
pedidos da autora e fixou multa diária de R$ 2 mil por descumprimento.
Na contestação, a Unimed alegou que o aumento foi referente ao reajuste
anual aplicado e à mudança de faixa etária, no qual incidiu o reajuste de 26%
em junho de 2008, percentual acordado com a Apeoc. Em função disso, solicitou a
improcedência da ação e a revogação da tutela antecipada.
Ocorre que a operadora de saúde não cumpriu a liminar, e expediu um
boleto de pagamento de R$ 870,77 para consumidora. Por esse motivo, a Justiça
determinou o pagamento no valor de R$ 556 mil, a título de multa cominatória.
Ao julgar o mérito da ação, o juiz Josias Nunes Vidal, da citada unidade
judiciária, confirmou a decisão liminar, condenou a Unimed a devolver os
valores cobrados indevidamente e solicitou a nulidade dos reajustes. Em relação
ao pagamento de danos morais, ele julgou improcedente. “Não existindo, nos
autos, comprovação que da conduta da promovida tenha decorrido qualquer
desdobramento que atingisse a dignidade da autora, a dar ensejo ao dever de
indenizar”, destacou.
Inconformado com a sentença, a Unimed interpôs apelação (n°
0020057-48.2010.8.06.0001) no TJCE. Argumentou a legalidade do reajuste
aplicado e pleiteou a reforma da sentença.
Ao analisar o recurso, a 1ª Câmara Cível deu parcial provimento ao
pedido para fixar a multa em R$ 132 mil, com juros e correção monetária,
levando em consideração o princípio da razoabilidade e proporcionalidade.
Segundo a relatora, “o valor das astreintes atingiu estágio exorbitante frente
ao bem da vida pleiteado, considerando ainda que o descumprimento do decisum se
deu de forma intermitente, me parece adequado que seja fixado, de imediato, o
valor a ser pago a título de multa, sob pena de permitir o enriquecimento sem
causa, considerando algumas balizas jurisprudenciais acerca da matéria”.
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