A Polícia Civil
gaúcha prendeu anteontem (22) o estelionatário João Marcelo Pereira Debortoli,
43 de idade, que se passava por juiz federal. Segundo as investigações, o homem
fez fortuna aplicando golpes em vários Estados do país. As vítimas eram pessoas
que vendiam imóveis ou carros de luxo, que eram atraídas para negócios
supostamente vantajosos e acabavam entregando dinheiro ao golpista.
Imagens feitas por
uma câmera de segurança de uma cafeteria em Porto Alegre flagraram o falso juiz
em ação. No vídeo, ele conversa com um futuro parceiro de negócios e diz que
está interessado em alugar imóveis. Bem vestido, educado e com bom papo, faz
questão de pagar a conta da refeição.
O homem que se
apresenta como magistrado, na verdade é um estelionatário conhecido. A ficha de
João Marcelo é longa: já praticou golpes em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa
Catarina, Paraná e Bahia. Há dois anos, chegou a ser preso em Maceió (AL).
“Sempre bem arrumado, muito educado, com nível social alto, fala de tudo,
muito tranquilo e convence. Os argumentos são apreciáveis. Eu digo que é o
perfil típico do estelionatário" - relata o delegado Juliano
Ferreira, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (RS).
O homem que estava
com o falso juiz no café, em Porto Alegre, foi mais uma vítima. Após saírem do
estabelecimento, foram a um banco, onde o estelionatário embolsou R$ 7 mil.
O golpe é simples. O
estelionatário procurava carros e imóveis de luxo em anúncios de jornais.
Depois, combinava um encontro com os proprietários. Durante a conversa, se
apresentava como juiz e comentava sobre outros negócios. Ele costumava falar
que existe possibilidades de compra de imóveis penhorados, em processos que
estão sob julgamento dele. “Um imóvel que vale R$ 1 milhão, ele
dizia que com R$ 10 mil seria possível comprar o imóvel mais à frente”, relata o delegado.
Caso a vítima
demonstrasse interesse, João Marcelo se oferecia para intermediar o negócio.
Dizia que o investimento inicial era de 5% ou 10% do valor. Depois de pegar o
dinheiro das vítimas, ele desaparecia.
"A forma como ele se comunica, se ele quisesse ter levado o dobro do que
ele levou de mim, ele levaria, porque eu não desconfiei em nenhum momento" – disse a mais
recente vítima, um outro homem que achou que iria vender um carro esportivo
para o falso juiz. “Dentro de uma volta, quando ele estava
conhecendo o carro, ele passou na frente de um empreendimento imobiliário e
disse que tinha recebido oito apartamentos”, relata.
A polícia descobriu
que o golpista fazia cerca de 700 ligações telefônicas por dia. Escutas
telefônicas revelaram como ele atraia as vítimas e as convencia a fazer um
falso negócio.
Nem a própria
namorada escapou do falso juiz. Ele depositou um cheque sem fundos de R$ 39
milhões na própria conta e mostrou o extrato para a mulher, dizendo que era
"dinheiro de uma venda de terras no Sul" . E a namorada já sonhava
com o carro novo; Veja trecho de um diálogo telefônico:
Namorada: “Ele é conversível, Marcelo? Ou é teto solar?”.
Golpista: “Conversível”.
O estelionatário morava
em uma cobertura em São Paulo e vai responder pela sétima vez por estelionato.
A pena é de um a 10 anos de prisão. “Tem que desconfiar.
Isso de entregar o dinheiro e esperar que venha algo depois sem nenhuma
confirmação, isso não existe” - alerta o delegado.
0 comentários:
Postar um comentário